27 de junho de 2011

Corpo Iluminado

"Vivre Sa Vie" - Jean Luc Godard


Há um grande rigor naquilo que abre a pele

uma enorme falésia onde o mar rebenta

e regressa depois à ferida que através da roupa

fina e ensopada é do sol a praia e a luz do corpo.

17 de junho de 2011

Vortex



Pedia de esmola um poema

mendigava o verdadeiro pão

partilhava o coração

para fugir ao menino assustado que era

regressava de onde sempre irá partir

absolutamente anónimo

trabalhando para a minúscula alegria

alimentava a árvore que à noite floria

como um amiga verdadeira

profundíssima na sua carne

e a arvore agradecida

era nos braços do vento a palavra

que com os seus ramos

falava ás estrelas

15 de junho de 2011

Um Pássaro Entra



"The Winged Man" - Odilon Redon



O poema precisa do mínimo conforto dos teus olhos

para o tornar vivo

bastaria um pequeno copo de água
iluminado

iluminando-me

iluminando-te

lâmpada na mais densa treva

branca lamina de luz celeste

como um lençol de estrelas

as mãos do mar

abrem a janela do dia

um pássaro entra e estilhaça-se azul.


 

9 de junho de 2011


Jeffrey Michael Harp

Os cabelos algam o rosto de mar

os olhos feridos de distancia

depenham-se pele abaixo

como um vulcão

puros e salgados

escorrem pelo coração.

8 de junho de 2011

Fragil Paisagem

Luis Beltran

A casa entardecia
a ténue luz abria a porta à língua
que movimenta-se ao longo do papel
escrevia a espuma o poema
onde de mãos dadas flutuávamos




7 de junho de 2011


Um barco inclina-se para o silencio

onde uma mulher sentada

espera dentro do poema as minhas mãos

assim seja a casa de que fugia o coração