25 de outubro de 2012

Porta Branca




Apesar de escreveres a verdade

nessa porta branca

não te iludas

continuarás a ser um estranho

Do que Briha

Vincent V. G. - Blue Sky


eu em ti

cego de medo

nem sei quem sou

se não me disseres

a palavra que brilha tão perto de nós

um rio que corre para a sua foz

e depois o mar

onde sonhando navega esse barco de luar

não sei fugir

da praia onde quero naufragar

esconder para mostrar

a palavra é um bairro de letras

o poema, o coração da cidade

batendo contra o céu impossível

17 de outubro de 2012

Um Abismo Sem Importância





Escuto o estrondo da luz

rompendo pelo corpo acima

deflagra o poema

na carne viva

um relâmpago ao fechar dos olhos

todo o silêncio canta

como uma rosa imperecível

algodão na boca

nuvens inteiras á disposição do vento

aeronaves que sobrevoam o peito

eu piloto o espirito

transporto as matérias primordiais

à cidade que só tu podes habitar

abro a janela à intempérie

deixo entrar o naufrágio

sonho

salvo-me

do silencio completo

da fermentação das sombras

e das casas onde as lâmpadas ardem negras

em esperança inútil

é pior o terror dos lugares intermédios

onde a possibilidade subitamente desfaz

o rosto esperado

no espelho quebrado

10 de outubro de 2012

Tatuagem



Desfolha

a rosa

vê o espinho

no sangue

de sua cor

a lágrima

que treme

no pulso

da flor.

4 de outubro de 2012

No Bravery




Cair a teus pés

como a palavra cai

quando procura o seu significado

agradecer-te

e pedir-te perdão

por aceitares a serpente e o coração.

1 de outubro de 2012

Virgula de Néon




Preencho


o espaço terrível que nos separa


com as estrelas ao meu alcance


faço-as crescer vibrar e gemer


inclino-as brevemente sobre o teu corpo


para que te iluminem o sonho


com essa polegada de luz


acendida na imensidão da ausência


fabrico poemas a granel


pode-se dizer que fornico com a impossibilidade


é tão pouca toda a vida


para a desordem do sangue


brilhante vírgula de néon


no passaporte manchado por viagem nenhuma