17 de outubro de 2012

Um Abismo Sem Importância





Escuto o estrondo da luz

rompendo pelo corpo acima

deflagra o poema

na carne viva

um relâmpago ao fechar dos olhos

todo o silêncio canta

como uma rosa imperecível

algodão na boca

nuvens inteiras á disposição do vento

aeronaves que sobrevoam o peito

eu piloto o espirito

transporto as matérias primordiais

à cidade que só tu podes habitar

abro a janela à intempérie

deixo entrar o naufrágio

sonho

salvo-me

do silencio completo

da fermentação das sombras

e das casas onde as lâmpadas ardem negras

em esperança inútil

é pior o terror dos lugares intermédios

onde a possibilidade subitamente desfaz

o rosto esperado

no espelho quebrado

6 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

sim, este abismo não tem importância.

mais um belíssimo poema!

obrigada!

beij

. intemporal . disse...

.

.

. estou . estamos .

.

. perante um Poeta . que nos invade os sentidos . ávidos .

.

. curvo.me e saio . rendido .

.

. um forte abraço .

.

.

Lídia Borges disse...

"todo o silêncio canta/como uma rosa
imperecível"

Fico nesta imagem e gosto...

Um beijo

Manuel Veiga disse...

poema de luz e trevas. no negrume de espelhos quebrados. visceral...

gostei de ler.

abraço

Isa Lisboa disse...

Ou quem sabe um abismo necessário? Assim como a poesia parece ser?

Beijos

Mar Arável disse...

Repare como luz a sombra