28 de julho de 2009

Astros




Desapareceu na imensidão negra do papel branco
ainda louco na espuma do pensar
molhada memória marítima da caneta arterial
o vento branqueia as nuvens de prata
olha-me saboreia-me ou desata-me contra as árvores
que trago nestes olhos melancólicos
duas luas cegas separadas pelo firmamento
algodão da noite doida ás invisíveis tempestades
a ideia crepuscular de um coração de musica interna
pão para ouvidos famintos da boca
delicados trapézios
o sonho levanta-se inútil
ás primeiras horas do corpo
observa o anjo incendiado a seus pés
um queimar de estrelas
um violino silencioso outra vez
um movimento angular por dentro do desassossego
na minha garganta de animal feroz e terno
eu já não posso falar de mim
sem a certeza de ser eu
e os dias escorregam como gotas
na amplitude do sentir
dias e dias sem descanso
passos de sangue desperdiçado
no medo terrifico do amor profundo
eu era uma casa em chamas
por baixo da insónia
uma cabeça de flores crianças
sem o seu jardim
uma respiração convulsa na procura do dom
um ingénuo mendigo ardendo em astros de poemas.




4 comentários:

Anónimo disse...

sim...

Anónimo disse...

céu-espelho de agonias.

... a cada instante ... disse...

"e os dias escorregam como gotas" e continuas a ser gigante naquilo que escreves... lindo...
Parabéns!

~pi disse...

belas mãos essas,

longas mãos

de

prata

] sweet

scissors :)



~