28 de outubro de 2011

A Cidade Perdida




Caminhas como um fósforo por arder

a cabeça ácida

o coração descosido

pelo gatilho do assombro

eis os dedos difusos

a mão estilhaçada

eis a arma do estremecimento

eis como palpita o revólver por dentro

um músculo dorido depois do esforço

estremece com minucia o coração

nota-se que a pele já não o protege

vislumbra-se a verdade

e o sangue

que invade as entranhas como matéria nocturna

através do tecido rasgado pela vertigem

vem à boca do céu

desprendem-se  luzes

caiem ainda vivas

sobre o rosto do mar lavrado pelo mau tempo

e o corpo assim exposto à desordem do sonho

acorda a cidade salgada

segue os teus passos

mas tu nunca chegas

nem compreendes.

2 comentários:

Lilazdavioleta disse...

Por vezes é difícil aceitar , para puder compreender

Manuel Veiga disse...

belo e vibrante. como cristal aceso!

abraço