19 de julho de 2012

Ouço os Ossos do Corpo

"Blue" - K. Kieslowski


Ouço os ossos do corpo

quebrados violentamente

no trabalho da aprendizagem

daquilo que não somos

a raíz do mundo cortada pela garganta

ainda canta

no começo da vida para lá da vida

não sei como dizer

a minha própria voz

ou como lá chegar

pelos meus passos

sei que nos atravessámos em desordem

uns nos outros

eu em ti como um cavalo assustado

pela rebentação das ondas

tu em mim

como nuvem efémera

na imensa transfiguração do azul .

8 comentários:

Daniel C.da Silva disse...

BELÍSSIMO. PARABÉNS

Abraço

Mar Arável disse...

Há dias
em que só pensamos azul

Muito bem poeta

Rita Freitas disse...

É mesmo um trabalho de aprendizagem daquilo que não somos.

Gostei imenso deste poema

Bjs

Manuel Veiga disse...

como aprender a própria voz, sem a dor dos passos?...

assim o azul sirva de refrigério...

admirável poema.gostei de verdade!

abraço

manuela baptista disse...

gosto

da sua ligação ao cinema

a banda sonora de Azul vai bem com o seu poema

~pi disse...

o azul arde-se e logo verdeja.
o efémero azul.






~

... a cada instante ... disse...

Sim, no trabalho da aprendizagem, que mata, que dói, que conduzirá até à luz... pelo menos, esperemos nós que assim seja...

Abraço.

Isa Lisboa disse...

Gostei muito deste poema, de uma intensidade dura, mas que se entende muito bem!
Beijos