22 de agosto de 2012

Bailarinos

"Prima Ballerina" - Degas


Doce bailarina

essa estrela que existe porque nela creio

doce bailarino

esse sonho inesgotável

onde um homem escravo da liberdade

também pode ter asas

amado meu

é o pássaro branco

suficiente para ser crista de vaga

o mar pode voar aberto ao meio

não cairá por terra

o mar celeste

como a boca que da palavra é a água que corre

no teu peito

devorado e nu

que seja assim

que venhas assim

em diluvio

como o pássaro salgado

como a flor de prata

no rosto da primeira estrela tremeluzente 

quando termina o dia

na combustão do céu dourado

entre o fim do azul e o inicio do negro

os teus cabelos parecem flutuar misteriosamente

para além de tudo visto

cabelos cheios de murmúrio

 vozes muito finas

vozes na noite intensa

na festa dos astros

lado a lado espalhados

como janelas na casa escura do firmamento

janelas onde podemos brincar com o mundo

esse peão azul

à deriva

na negra e solene imensidão


3 comentários:

Rita Freitas disse...

E é desta janela do firmamento que sinto intensamente estas palavras, qual doce bailarina :)

Beijos

Isa Lisboa disse...

Que bela dança! :)
Beijos

Mar Arável disse...


Azul até de noite