27 de setembro de 2010

Pedaços

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Bill Viola - "The Fall Into Paradise"


Pedaços de doçura
bátegas de água fina
luz dos olhos
cascata de alegria precipitada sobre os filhos
deitados ao comprido da vida
põem-se a escorrer poemas
gota a gota
desfraldam-se do âmago de suas mães
nascem para o primeiro dia do mundo
ressoam nas profundas cavidades do amor
depois crescem violentamente para outras mulheres
são o vento que movimenta o coração da palavra
ao abrir-se em espelho na pele mordida pela serpente da melancolia
antes da terrível dor do esquecimento
mergulhada na noite transfigurada
e quando se diz transfigurada quer-se dizer
onde o falso lugar deixou a cara pútrida
a memória desossada
que bate na areia
bate na cabeça e no ouvido do coração
bate para escutar a profundidade do mar
canta suavemente debruçada sobre as algas
rodilhas na maré alimentada pelo sonho
pequenos seixos translúcidos
feixes de luz semeados pelo vento
fios de sal
tinta de pintar navios ardentes
estruturas perplexas onde florescemos
tão esplêndidos
tão frágeis…

6 comentários:

Luas disse...

“ardentes
estruturas perplexas onde florescemos
tão esplêndidos
tão frágeis…”

Um brilhante poema!!!
_Um beijo

Rute Coelho disse...

Aqui sente-se a luz e a música branca das palavras.

partilha de silêncios disse...

Obrigada pela sua visita ao "partilha de silêncios" e pelas
simpátcas palavras,que deixou.
Gostei muito de conhecer o seu espaço.
Bjs

Violeta disse...

Um forte poema!

Lídia Borges disse...

Num percurso de terra e mar crescendo e sendo nas linhas e entrelinhas de um dizer - Vida!

Belíssimo

L.B.

Unknown disse...

muuito bom...forte que me faz perder a respiracao parabens!!!