Abbas Kiarostami
Pelas algemas lunares
pelo incomensurável peso do mar
pelo sal nos olhos
pela cinza na pele
pela insónia que dá à costa do corpo
pelo pássaro sem asas
devastado pela rebentação
pelo coração irregular
pelo medo de perder
o que nunca possuíste
pelas mãos que tremem
no sono convulso
sob as nascentes do sonho
a água musical da vida
pelos anjos que se assomam á janela
dessa casa nocturna
e batem nos vidros da memória
e partem os vidros
e deixam ferida
a vida em fúria indefinida
de punhos cerrados
e olhos fechados
o grito que fica
na mínima partícula
da palavra justa
e pelo gesto desajeitado
não peças desculpa
se não podes alterar o curso do vento
o gotejar do silêncio
na lenta sombra do tempo
nem o sentido
do sentido
5 comentários:
"Não peças desculpa se não podes alterar o curso do vento"
Belo
Bjs
Há coisas que não podemos alterar e pelas quais não vale a pena pedir desculpa...
Gostei muito deste poema, um lamento, uma constatação de que não se pode alterar "o sentido do sentido".
Beijos
pois, se não podemos alterar não vale a pena pedir desculpas.
um pouco nostálgico.
um bom doming
um beij
torrencial. "lavando" todas as desculpas...
abraço
filme arrebatador
que carrega
um sismo de palavras
e ventos. e ventos.
beijos
~
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