13 de julho de 2012

Difícil, Cortante e Limpida



Difícil

cortante

límpida

incomparável

a alegria de madrugada

sinto-a a latejar nas mãos

o suor na ponta dos dedos

como um archote

a noite entornada no corpo

que olha pela tranquilidade do teu sono

do ruído cá dentro já não se ouve nada

a não ser o silencioso rosto vergado pela insónia

e o barco de papel

onde viaja o sonho

e as palavras sempre marítimas

as palavra que observam

que florescem como rosas nocturnas

que abraçam e transportam

que respiram dentro de ti

que iluminam

que esmagam

queimam e baptizam

que te batem nas têmporas

destroem a máscara

e alimentam a matéria do poema

são essas palavras

as evidências lunares no corpo

aberto em cruz

e o vermelho dos olhos

como um farol por dentro das pálpebras

difícil

cortante

límpida

e incomparável luz

5 comentários:

ana disse...

Muito bonito o seu poema!
Parabéns e obrigada pela visita.

Manuel Veiga disse...

na ponta da Palavra poética - como adaga apontada ao cerne...

abraço

Rita Freitas disse...

Grande poder têm as palavras e que grandes palavras compõem este poema!

Bjinhos

Daniel C.da Silva disse...

Gostei muito. Diáfano e reconfortante, tranquilo, plácido. Parabéns!

Um abraço

~pi disse...

que tanto viver num farol:
assim:
do éter na água.






~