The Thin Red Line - Terrence Malick
E que ouço eu
que escrevo eu
que ossos são estes que rangem de noite
que mar é este que não nos deixa dormir
que cidade é esta que outrora nos fez feliz
que ruas
que alamedas
que jardins
onde passámos sem medo
que portas onde entrámos para fazer amigos
que templos estes em que cantámos ingénuos
a alegria sem fim
que vozes antiquíssimas
que rumores espectrais
nestes barcos à deriva
estes braços
estes abraços
estes mastros distantes
estas velas cheias de silêncio
Estas praias nas veias
a sagrada euforia da infância
éramos tão felizes eu e tu
parecíamos florir constantemente
num movimento centrípeto
os corpos completos
semeados pelos lençóis
agora paro e choro
reconheço a obscuridade do meu nome
separado pelo grande rio
confesso às águas desta margem
a melancolia que me sinaliza a vida como um chicote
os olhos de verde sépia
são antigas aves
cobertas de nevoeiro
meus pais
meus avós
meu irmão
meus soberanos
minhas artes que se partem em frente ás vagas
assinalam a próxima viagem
já sem o corpo
crepúsculo a anos luz da de qualquer coisa conhecida
uma matéria fantasmagórica
em direcção ao total esquecimento
flores nocturnas
estrelas cadentes
relâmpago que explode sobre a falésia
quase a sonhar
4 comentários:
Um grito triste, mas sentido!
Belíssimo este dizer- viagem circular de perda em perda até ao fim, até ao início.
L.B.
enigmas por desvendar.
muito bom1
um beij
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