O vento encostava-se às casas e adormecia
depois viam-se os brancos ossos da noite
carregarem a insónia por debaixo da porta
nesse lençol escuro procurávamos o sublime
que resplandecia ocasionalmente quando fechávamos os olhos
e a respiração acertava os passos do coração
as mãos desfraldavam-se como nuvens no céu
não esqueças as minhas mãos
e os toscos dedos que acendiam de cor os teus cabelos
para que se visse a ternura do infinito contra o peito
nada mais era preciso que o límpido sopro
da lua desfiada pelo corpo
até que sobre o pescoço já não se erguesse do rosto
demência para sonhar
a linha do horizonte
cozida á pele
como lápide de sal
masmorra de total silêncio
o sal para tudo devastar
o silêncio para sepultar
as folha de Outono
que das árvores tristes se desprendem
nas ruas de Novembro.
1 comentário:
as mãos não esquecem nem os cabelos vão esquecer...
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