Caminhas como um fósforo por arder
a cabeça ácida
o coração descosido
pelo gatilho do assombro
eis os dedos difusos
a mão estilhaçada
eis a arma do estremecimento
eis como palpita o revólver por dentro
um músculo dorido depois do esforço
estremece com minucia o coração
nota-se que a pele já não o protege
vislumbra-se a verdade
e o sangue
que invade as entranhas como matéria nocturna
através do tecido rasgado pela vertigem
vem à boca do céu
desprendem-se luzes
desprendem-se luzes
caiem ainda vivas
sobre o rosto do mar lavrado pelo mau tempo
e o corpo assim exposto à desordem do sonho
acorda a cidade salgada
segue os teus passos
mas tu nunca chegas
nem compreendes.