Paulo Nozolino
Este coração que escreve
não é um passo afundado na garganta do esquecimento
este coração é a elipse e o trompe l`oeil
uma catedral barroca de ardente sinfonia
é a mão que embala o sangue e forma o rio da palavra
é o peixe no branco oceano
onda de papel essencial
o peixe letra talhado pela melancólica caneta
este coração que escreve
é uma máquina queimada pelo sonho
uma gota de suor na máscara do homem que pensa
a nuvem que salga o mar de azul
sendo uma constelação de água que escorre silente
é também a raiz cujo peso é somente firmamento onde
uma borboleta de estrelas movimentando-se nos dedos
um trabalho delicado na paisagem vulcânica
bisturi sobre o corpo das palavras rebentadas no verbo
a carne dividida pelo estremecimento da voz
exclama a terra anoitecida
balança musical onde
este coração é osso crepuscular do tempo
um relógio cantante desalojado de seus ponteiros
calendário á procura do teu rosto
alastrado pela ausência.
4 comentários:
A beleza das palavras numa construção complexa.
Neste teu coração cabe o mundo inteiro.
Mais uma vez um texto soberbo.
Parabéns!
Já tinha saudades de te ler e de me espelhar naquilo que escreves. Gosto tanto das TUAS palavras.
Abraço.
Muito bem escrito, meu caro!
Saudações poéticas
Enviar um comentário